Lis Haddad
Pele Solo Pele
Atualizado: 8 de out. de 2020

Entender-se no espaço desenhado pelo corpo, o espaço já há tanto habitado e que se apresenta tão desconhecido quanto profundo; o próprio terreno, a pele limite. Um ser que não circula mais além da morada. O trânsito entre o que já é conhecido, o que já não reconheço e o que não sabia existir. Esse terreno fértil onde tudo vinga; às vezes floresta, às vezes cerrado, às vezes mangue. Desenterrados e secos. Metais enferrujados que carregam o tempo em si, contorcidos como as rugas que me formam, como as linhas da mão que se aprofundam. As cascas secas da árvore, desapegadas, as ervas que foram daninhas e se oferecem agora a ser outra coisa. Somos todos nós – filhos do tempo – tão frágeis. Crias de um mistério que insiste em nos dizer: sou Mistério, acostume-se com a beleza e a potência da sua pequeneza.
Acostumemos.