Portfólio
Pele Solo Pele
Entender-se no espaço desenhado pelo corpo, o espaço já há tanto habitado e que se apresenta tão desconhecido quanto profundo; o próprio terreno, a pele limite. Um ser que não circula mais além desse território já habitado. O trânsito entre o que já é conhecido, o que já não reconheço e o que não sabia existir. Esse terreno fértil onde tudo vinga; às vezes floresta, às vezes cerrado, às vezes mangue.
A série foi feita de materiais encontrados no jardim, no quintal, no telhado, na varanda. Desenterrados e secos. Metais enferrujados que carregam o tempo em si, contorcidos como as rugas que me formam, como as linhas da mão que se aprofundam. As cascas da árvore secas, desapegadas, as ervas que foram daninhas e se oferecem agora a ser outra coisa.
Somos todos nós - filhos do tempo - tão frágeis. Crias de um mistério que insiste em nos dizer: sou Mistério; acostume-se com a beleza e a potência da sua pequeneza.
Acostumemos.
Broches feitos de ervas daninhas secas, arame enferrujado e linhas. Colar feito de arame enferrujado, casca de árvore bordada, e couro.
A série foi parte da exposição Pandemia/ Pandemônio/ Pândega do Núcleo de Joalheria Contemporânea (2020) disponível em https://www.nucleojoalheria.org/exposicao-pandemia-artistica