Noite clara, noite breu, 2024

Tecido e linha
100 x 68 cm
Fabric and thread
100 x 68 cm
Nesta bandeira em tecido, o sonho é território. Inspirada na carta da Temperança do tarô — símbolo da alquimia entre forças, do equilíbrio dinâmico e da escuta profunda do tempo — a obra propõe a escuta fina do que ainda não foi domesticado da nossa subjetividade, como método e instrumento político.
Contra o concreto das narrativas dominantes, dos discursos de eficiência e hiperprodutividade do neoliberalismo, o sonho surge como uma forma de resistência radical: nele, habitamos zonas subjetivas que escapam ao controle, zonas onde o irracional, o simbólico e o desejo podem reorganizar o real.
A obra se inscreve nesse espaço de suspensão: fragmentos, símbolos, cores em fricção e contornos imprecisos formam uma linguagem não linear, um código próprio que não busca explicar, mas sentir. Uma cartografia do delírio, do entre, do possível.
Sonhar, aqui, não é fuga — é prática política. Um exercício de sensibilidade ativa, de criação de mundos outros, que não cabem nas estruturas previsíveis do agora.
Entre o delírio e a tormenta, sonhar é insistir.